7.º Congresso Internacional das Imunodeficiências Primárias

O Congresso Internacional das Imunodeficiências Primárias (IPIC), bianualmente organizado pela IPOPI (International Patient Organisation for Primary Immunodeficiencies), decorreu este ano na cidade de Praga, na Chéquia, nos dias 5, 6 e 7 de novembro de 2025. A APDIP esteve presente, sendo representada por Ricardo Pereira (Presidente da Direção), Alberto Casaca (Vogal) e Rita Cordeiro (Vice-Presidente).

Esta edição reuniu cerca de 900 participantes de 70 países, demonstrando a verdadeira dimensão global deste congresso. Com 52 palestrantes de renome internacional, contou com um vasto leque de participantes: 60% foram médicos especialistas, 5% representantes de organizações de doentes, e os restantes incluíram enfermeiros, investigadores e representantes da indústria farmacêutica. Distinguiu-se, mais uma vez, pelo seu programa único e centrado no doente.

Este congresso trouxe para discussão temas cruciais e inovadores para a evolução da área. Entre os tópicos de destaque, realçamos o foco na utilização de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para melhorar o diagnóstico e a gestão clínica, com palestras que mencionaram o uso de modelos programados para o diagnóstico e respectiva aplicação na detecção de bronquiectasias. Aprofundou também a questão das terapias direcionadas, apresentando possibilidades para tratamentos mais precisos. O atual progresso da terapia génica também ocupou um lugar importante, com palestras dedicadas a novas tecnologias de edição genética. Foram também mencionadas as considerações éticas sobre os limites clínicos da genética.

Para além da vertente tecnológica, o IPIC 2025 proporcionou um espaço de debate importante sobre desafios clínicos complexos. Foram apresentados estudos de caso sobre infeções persistentes e complexas, destacando-se a discussão do poliovírus e outros casos de infecções bacterianas com especial ênfase na gestão de manifestações pulmonares e hepáticas.

Importa também referir a relevância da discussão sobre as Imunodeficiências Secundárias (IDS), tendo em conta o uso da experiência com as IDPs aproveitada e aplicada no tratamento de IDSs. Também foram partilhadas novidades clínicas de outras sociedades de imunodeficiências como a APSID, ASID, LASID, CIS e ESID, reforçando a influência global do IPIC.

Como sempre, o Congresso contou ainda com diversas sessões de posters que proporcionaram uma plataforma vital para jovens investigadores partilharem as suas descobertas mais recentes na investigação fundamental. A sessão final, muito bem apresentada pelo Professor Stuart Tangye teve como tema: «Uma Abordagem Abrangente à Avaliação Genética».

A participação da APDIP permitiu não só obter novos conhecimentos sobre os recentes desenvolvimentos globais, essenciais à melhoria contínua da qualidade de vida dos doentes portugueses, reiterando o empenho da mesma, mas também fortalecer laços e troca de experiências com outras associações, profissionais de saúde e farmacêuticas.